Lenda da Capelinha de Maria Antônia

A cidade de Diamantino, de qualquer ângulo em que é vista, se assemelha a um cartão postal. Tão bucólica e pitoresca, ela ponteia no alto da Serra de Diamantino debruçando-se sobre um extenso vale, muito verde, cortado pelo rio Paraguai. Do alto, vê-se emergir, aqui e ali, maloca de índios, mas que não são índios, mas de pobreza que se aloja em ranchos de capim. Adiante o Seminário dos Salesianos que se estende naquela verdura acentuada como uma neve branca.
Um navio perdido num mar de selvas. Á entrada da cidade, uma curiosa
capelinha, onde há sempre flores votivas, chama a atenção dos visitantes.
Ora é uma coroa de rosas, ora um

buquê de noiva, ou mesmo flores do campo a enfeiram. E o povo vai logo desfiando a estória.
“Ninguém sabe pôr que a Maria Antônia começou a beber. Moça bonita e de boa família, se viciou na bebedeira, que chegava a cair na rua tão tonta que ficava.
Não tendo mais dinheiro para alimentar seu vício, pedia no botecos e biroscas seu dedo de cachaça para matar o bicho, ou melhor, o hábito inveterado.
Um dia, já semi-inconsciente, enveredou-se pela mata, distanciando-se cada vez mais da cidade.
Escurecia e, desnorteada pela bebida e pelo pavor, tomou-se de pânico, pois não atinava com o caminho de volta. Corria desorientada penetrando cada vez mais na mata, sem achar uma vereda que a conduzisse ao povoado.
Num lampejo de raciocínio, sentiu-se completamente perdida e se pôs de joelhos invocando um milagre de Nossa Senhora.


No mesmo instante, numa forte intuição, guiou-se pôr uma trilha que a levou
facilmente ao rancho onde morava.
Daí pôr diante, Maria Antônia cumpriu a sua promessa. Jamais tornou a beber.
E ao morrer, muito mais tarde, parece que de tal forma redimiu dos seus pecados que a sua alma pura criou poderes de conceder milagres.
Então, eram as almas terrenas que lhe faziam votos e, alcançada a graça,
cumpriam depositando flores naquela capelinha que alguém construiu, cumprindo promessa pôr Ter alcançado um favor seu.

(Diamantino – Tradição Popular)

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