Frei José, frei Macerata, ou frei Capuchinho, tratamentos que redundavam numa só pessoa, parecia conhecer as criaturas, tanto pela direita como pelo avesso: não se podia pensar diante dele, era mesma coisa que bradar em altas vozes.
Adivinhador de pensamentos estava ali.
Certa vez, subia o beco do Xixo, em demanda à igreja Matriz, vizinha do Quartel
do 21, onde hoje se planta o Palácio da Instrução, construído na vigência do coronel Pedro Celestino, para ser sede da Escola Normal, quando dois soldados do corpo da guarda, ao avistarem-no, cochicharam:
– Eu queria Ter aqui esse tal frade, que aí vem, para lhe encher as mão de
palmatórias, e ver se ele é mesmo fazedor de milagres, como dizem.
O segundo mais piedoso retrucou:
– Eu queria tê-lo aqui para receber a sua santa bênção e fazê-lo derramar as graças do senhor sobre mim.
Mal disseram, bem viram aproximar-se da guarita o santo sacerdote, com as mãos estendidas:
– Aqui me tendes, disse, estendendo a mão esquerda ao primeiro: – Use a
palmatória para destilar as impurezas do vosso coração.
E abençoando o outro, estendeu-lhe a mão direita para que este a beijasse,
abençoando-o em nome de Deus-Pai-Todo-Poderoso.
Os dois soldados, deslumbrados e tementes, prostram-se perante Frei José de Macerata.